quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Carnaval do Recife 2017 com a cara da Grafitagem

Pela primeira vez, painéis de artistas pernambucanos servirão como base para as peças de decoração do festejo. (Fotos: Andréa Rêgo Barros / PCR)
As cores, os traços, as formas do traço urbano que saem da mente e o do olhar dos grafiteiros vão ser a base para a decoração do Carnaval 2017 do Recife. Nesta terça-feira (17), em coletiva realizada no Compaz do Cordeiro, foram apresentados os seis artistas/grupos cujo trabalho estará pelas ruas da capital pernambucana durante os festejos de Momo. Para falar sobre os detalhes da novidade estiveram presentes o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha, e o arquiteto Carlos Augusto Lira, além dos grafiteiros participantes.

A idéia de trazer o grafite para a decoração do Carnaval foi da primeira dama, Cristina Melo, que solicitou a Carlos Augusto Lira uma inovação no trabalho deste ano. A partir daí seis artistas, com trabalhos diferenciados, foram convocados para dar vida à missão. São eles: Karina Agra, Coletivo Vacilante, Bozó Bacamarte, Jota ZerOff, Galo de Souza e Manoel Quitério. Sob a coordenação da produtora Nuvem, eles estão trabalhando nos seguintes locais: Compaz Cordeiro (Karina Agra e Galo Preto), Terminal do Porto do Recife (Manoel Quitério), Gerência de Atenção à Saúde – ao lado da PCR (Jota ZerOff e Bozó Bacamarte) e na Escola de Frevo Maestro Fernando Borges, na Encruzilhada (Coletivo Vacilante).

Os painéis tem, em média, 25 metros quadrados. Segundo o presidente da FCCR, Diego Rocha, esses painéis darão vida ao material que vai para as ruas durante o carnaval. “A partir desses desenhos vão ser extraídos todos os elementos que darão vida e forma à decoração do carnaval. É uma inovação que, além de mostrar o trabalho desses artistas, também possibilitará um presente permanente para a cidade, com os painéis que ficarão em definitivo nos locais onde estão sendo montados”.

Para o arquiteto Carlos Augusto Lira, que há 16 anos atua na intervenção urbana, transformar a arte dos grafiteiros em um projeto está sendo um agradável desafio. Ele explica como será o processo. “Todas as imagens criadas pelos grafiteiros serão fotografadas e, em seguida, levadas para o computador. A partir da digitalização desse material, vamos montar o projeto cenográfico. Este ano usaremos muitos tecidos na decoração do Recife”, ressaltou.

O produto cenográfico final poderá ser visto pelo público pouco antes do Carnaval, quando começarem as interdições nas vias que serão transformadas em corredores da folia, da capital pernambucana.

Artistas e obras:
  • Vacilante - Escola Municipal de Frevo Maestro Fernando Borges – Rua Castro Alves, 440 – Encruzilhada
  • Galo de Souza e Karina Agra - Compaz  do Cordeiro – Av. Abdias de Carvalho, esquina com a General San Martin.
  • Jota ZerOff e Bozó Bacamarte  - Gerencia de Atenção à Saúde – ao lado da PCR
  • Manoel Quitério – Terminal do Porto do Recife

Dados dos artistas:

Coletivo Vacilante - O Vacilante é um grupo formado pela união de Alexandre Pons, Rafael Ziegelmaier, Heitor Pontes e Luciano Mattos com o propósito de experimentar criação coletiva em pintura. O nome escolhido pelo Coletivo faz referência à ideia de que os vacilos são tão importantes na vida quanto os acertos. Por isso, eles resolveram assumir a proposta de um processo artístico Vacilante, resultando quase sempre em pinturas carregadas de imagens, "tempestades cerebrais", acumulo generoso de camadas e gestos. Tinta óleo, tinta acrílica, spray automotivo, abstração e figurativismos coexistem em suas telas e murais que assinalam a relevância da pintura contemporânea dentro da obra produzida pelo coletivo.

Galo de Souza - José Cordeiro de Melo Neto, mais conhecido por Galo de Souza, nasceu no Recife em 1980, e iniciou no mundo da arte ainda criança, aos 9 anos de idade. Era um menino que gostava de desenhar nas paredes. Com 16 anos fez os primeiros grafites. Sua primeira exposição individual aconteceu em 2009, com o título de “O Vendedor de Bananas”, no Sesc Casa Amarela. Atualmente sua arte está espalhada por muros, viadutos e galerias do Recife, além de outras cidades do Brasil e do Mundo, como Dinamarca, Suécia, Holanda e Portugal.

Karina Agra – Nascida no Recife, inicialmente autodidata, hoje Karina Agra é artista plástica, educadora social e designer gráfica formada em Licenciatura em Educação Artística - Artes Plásticas pela UFPE. Trabalha o figurativo através do desenho gráfico, aplicado em dois estilos: óleo sobre tela (monocromático, procurando unir relação entre foto e pintura através do P&B, com personagens expressivos e uma luz pensante); e a acrílica sobre tela (figurativo colorido, trabalhando o universo kitsch através de cores saturadas e contrastantes, com personagens sensuais). Participa de exposições desde 1999. Atualmente possui atelier próprio na Ribeira, no Sítio Histórico de Olinda.

Jota ZerOff – Natural de Carpina, Júlio César, ou Joja ZerOff, desenha desde os oito anos de idade, inicialmente se inspirando em traços dos Mangás, desenhos japoneses. Foi em meados de 2010 que Jota conheceu o grafite, numa viagem ao Espírito Santo. Seu trabalho, à época, trazia conversões dos elementos urbanos em representações totêmicas da própria cidade, pintados em tinta spray,  com formas extremamente geométricas e gráficas. Seu estilo tem como referências os bonecos de madeira, mais conhecidos por mamulengos.

Bozó Bacamarte – Olindense, Daniel Ferreira da Silva, o Bozó, iniciou sua carreira pelas ruas da cidade. Sentindo a necessidade de buscar uma comunicação mais direta com o público, o artista encontrou no próprio cotidiano o repertório iconográfico necessário para nortear o seu trabalho. Na xilogravura popular encontrou uma forma de identidade visual que atendia os seus anseios. Temas como o povo nordestino, com suas expressões visuais, seu comportamento, sua histórias, crenças e superstições, além do humor e do surrealismo, são recorrentes em seu trabalho. René Magritte, Os Gêmeos , Bansky e Samico são influências fortes na obra de Bozó.

Manoel Quitério – Natural do Recife, Manoel Quitério tem suas obras cercadas de uma atmosfera onírica que se apresentam como uma reflexão sobre o homem e os objetos por ele cultuados. Há cerca de três anos, Manoel tem feito intervenções artísticas ao redor da Região Metropolitana do Recife, com pinturas dos barcos que circulam o Marco Zero, muros e também troncos de árvores cortadas, em um trabalho de guerrilha contra a negligência do poder público e da sociedade com o espaço coletivo. Suas ações, no entanto, não se resumem ao Estado. Em Paris e em Istambul também é possível encontrar obras de Manoel espalhadas pela rua. Essa ânsia por aproximar a população de suas inquietações artísticas e políticas tem ganhado um papel cada vez maior na arte de Quitério.

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