sábado, 19 de outubro de 2013

FREVO na veia

Presença garantida nos grandes eventos musicais pernambucanos, Almir Rouche é um dos nomes de destaque do nosso cenário cultural e sinônimo de Carnaval. Aos 43 anos de idade e 27 de carreira, ele continua a comandar bailes e trios elétricos e quer sempre se renovar. Sua relação com a folia de Momo vem de muito tempo: afeiçoou-se ao Carnaval quando conheceu o criador do Galo da Madrugada, Enéas Freire, em 1987. “De lá para cá, a minha relação com o Galo continua estreita”, diz.

Ele lembra do cuidado que Enéas tinha com seu bloco. “Eu admiro o jeito como ele conduzia a agremiação. Com isso, fui aprendendo a importância do que muitos achavam ser radicalidade”, conta, em referência à exigência do carnavalesco de que o bloco sempre priorizasse o frevo. Rouche lembra que, este ano, o desfile do Galo da Madrugada será muito simbólico, já que coincide com o Dia do Frevo, 9 de fevereiro.

O cantor discorda dos que dizem que o frevo é um ritmo que não se atualiza. “O frevo se renova, sim! O problema é que as rádios não dão espaço aos novos talentos que surgem”, aponta. Ele lamenta a pouca divulgação - salvo exceções, pondera. “E o Galo só toca frevo. Por isso que ele mantém essa magia. Se houvesse um dia para comemorar o frevo, seria o dia do desfile do Galo”, opina. Seu desejo, em 2013, será atendido.

Como sempre traz colegas cantores para conhecer e participar do nosso Carnaval, este ano não poderia ser diferente. Depois de, em 2012, ter trazido a musa do tecnobrega Gaby Amarantos, Rouche será acompanhado, em 2013, pela também paraense - embora nascida na Guiana Francesa - Lia Sophia. Ela e o cantor Emílio Santiago se juntaram a Rouche no Baile do Siri na Lata, ocorrido neste fim de semana.

Almir Rouche também transitou pela política, quando comandou, entre 2004 e 2007, a Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes de Igarassu, sua terra-natal. Durante o período, conseguiu idealizar um quadrilhódromo e ginásio poliesportivo para a cidade, que passou a receber o Festival de Quadrilhas da Globo Nordeste, do qual é produtor. Outro desafio foi potencializar o turismo local. Fato desconhecido para muitos, Rouche conta que Igarassu possui a quinta pinacoteca mais importante da América Latina - a oitava do mundo.

Sobre a música pernambucana, o cantor pondera: “A nossa cena tem uma diversidade cultural grande, mas poderia ser mais valorizada. Nós temos potencial para explorar melhor nossos ritmos”, declara o músico, completando que sente falta de união no meio musical. “O mangue, o brega, o pagode não podem ficar ilhados. Deviam fazer como lá atrás, nos nossos ancestrais: misturar tudo”, opina.

Para Rouche, é obrigação do artista conhecer todos os estilos, sem preconceito. O cantor segue o lema do “é proibido proibir”. “As pessoas acham que criam algo novo - o que não é verdade - e se ilham. Se eu estiver em uma ilha, ela tem que ter pontes. Se não tiver, que tenha um aeroporto, pois eu quero voar”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário