segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Carnaval do Recife homenageia Alcir Lacerda, famoso por fotos em P&B


Capital, interior e praias de Pernambuco foram alvo das lentes do fotógrafo.

Por: Luna Markman


Betty com algumas câmeras do pai. (Foto: Luna Markman/G1)Betty mantém acervo com câmeras, fotos e
negativos do pai (Foto: Luna Markman/G1)
"A fotografia é a minha vida. É o que eu sei fazer", disse uma vez o fotógrafo Alcir Lacerda. E o que a gente sabe fazer é apreciar as imagens desse mestre em captar a luz e a alma do Recife e Região Metropolitana, do interior e das praias de Pernambuco. Outros ambientes e cenas do cotidiano também foram registrados pelas lentes dele, que começou a desenvolver sua arte em 1942. Fonte de memória e informação do povo pernambucano, seu Alcir, como era conhecido, morreu aos 84 anos, em agosto de 2012, e receberá a devida homenagem no carnaval do Recife deste ano.

Cerca de cinco mil imagens, a maioria em preto e branco, especialidade de seu Alcir, formam um acervo histórico, político e cultural de Pernambuco. Os negativos e provas deste tesouro estão guardados com a historiadora Betty Lacerda, filha do fotógrafo. "A câmera fotográfica, pendurada no pescoço, fazia parte do corpo dele, pendente perto do coração", diz Betty, que não gosta de fotografar, acha difícil, muito complicado, mas posar... "Eu estava sempre pronta para ele, que gostava de tirar fotos de aniversários e casamentos da família", conta.

E olha que seu Alcir começou fotografando festinhas de aniversário, com uma câmera emprestada, até conseguir comprar seu próprio material e, anos mais tarde, fundar a Acê Filmes. "A agência virou a mais famosa da cidade, com até 25 profissionais com carteira assinada. Grandes universidades daqui organizavam as datas da formatura para não chocar com a agenda da agência", fala Betty.
Betty cedeu várias imagens do acervo, que estão também publicadas em um livro sobre a obra do fotógrafo, lançado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) em 2012, para a galeria do G1 (confira ao lado), onde o internauta pode conhecer a história de Alcir Lacerda através de alguns de seus registros. As imagens também mostram a apurada técnica do fotógrafo, que retratou avanços arquitetônicos de centros urbanos e a raiz cultural do estado, além de fatos históricos dramáticos, como o Golpe Militar de 1964 e a explosão da bomba no Aeroporto dos Guararapes, em 1966.

Muitos fotógrafos que atuam em Pernambuco têm boas lembranças do colega de trabalho, como Ana Lira. "O que eu guardo de seu Alcir é a generosidade e o desejo de fazer sempre o melhor trabalho possível. Ele olhava meus negativos preto e branco cada vez que eu o procurava para revelar e sempre comentava se eu estava medindo a luz direito ou não, se as imagens estavam com os tons adequados. Tudo muito sucinto e elegante, de forma que eu fui aprendendo também com o que ele me dizia nas entrelinhas. É uma experiência que até hoje sinto falta. Eu tenho vários filmes PB [preto e branco] para revelar há quase um ano e não tive coragem ainda de fazer com outra pessoa desde que ele partiu", comenta.


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