Descendente direto da Casa de Matriz Africana Ylê Asé Ayrá Adjáosi, o Afoxé Ylê de Egbá começou a ensaiar seus primeiros passos em 1986, no Alto José do Pinho, Zona Norte do Recife. De lá para cá, sob a batuta de Expedito de Paula Neves, mais conhecido como Dito D’Oxóssi, a agremiação ganhou força e, não à toa, se tornou um dos grupos de afoxé mais tradicionais de Pernambuco, não só por sua beleza rítmica, mas também pelo trabalho sócio-cultural que desenvolve no Ponto de Cultura Sakonfa, em Casa Amarela. ”Nós trabalhamos na comunidade e em bairros adjacentes. Lá, disponibilizamos cursos profissionalizantes de dança, culinária, design e muitos outros. Esse projeto é fruto de nossa resistência e militância nesses 28 anos de estrada”, lembra Dito.
Com passagens pelos Festivais Sfinks (Bélgica) e Boo Boo (Itália), Encontro Interamericano (Portugal) e Carnaval do Mundo (Londres), o Ylê de Egbá é um celeiro cultural, amplamente reconhecido por sua ousadia e originalidade. Junto com a União dos Afoxés de Pernambuco (UAPE), o grupo deu início ao projeto Quilombo Vivo, atividade que foi um marco tanto para a comunidade negra, como para os moradores do Alto José do Pinho, por reunir num único palco os Afoxés Oxum Pandá, Alafin Oyó, Omi Sabá, Ara Odé, Guian Ala Moxé Orum, Filhos de Ogundê e Povo de Ogundê. Além disso, foi o primeiro afoxé pernambucano a participar da tradicional Noite dos Tambores Silenciosos, encontro de maracatus-nação que acontece no Carnaval recifense, e o pioneiro no lançamento de um CD do gênero no mercado fonográfico.
O afoxé do Ylê mescla o toque do “Ijexá” (ritmo afro) a vários outros ritmos das nações yorubás que vieram para o Brasil, resultando em arranjos e músicas com interessantes variações rítmicas, que dão um “toque” singular à batida do grupo, através de xequerês, atabaques, ganzás e agogôs. Outros segmentos do Ylê de Egbá são: o Imalê, grupo formado por ogans alabês (percussionistas de terreiro); o Egbé de Xangô, Sociedade dos Filhos de Xangô (orixá que representa a entidade) e o Imalê Mirim, a ala infantil do afoxé.
Segundo o idealizador Dito D’Oxóssi, “o Ylê Egbá nasceu com a proposta de tratar da resistência do nosso povo e da ancestralidade africana”. E um dos seus maiores objetivos “é falar da riqueza dos ancestrais e heróis negros, dos príncipes, reis e orixás para acabar de vez com esse paradigma que colocaram sobre o povo de matriz africana”, complementa o líder da agremiação.
Por: Secult/ Fundarpe