terça-feira, 8 de julho de 2014

André Rio faz novo giro pela Europa

O cantor pernambucano realiza turnês no verão da Europa desde 1998. Na agenda, sete shows. Ele vai apresenta na Alemanha, Portugal, Áustria e Holanda


Marcelo Pereira / JC Online

Levando na bagagem o frevo, o forró, a ciranda, o maracatu, o caboclinho e o samba, André Rio está de malas prontas para mais um giro no verão da Europa. Será a 16ª turnê em 21 anos de carreira. Na agenda, sete apresentações em duas semanas, pelo projeto Viva Pernambuco.

Ele estreia na próxima sexta, na abertura do 23° Internacional Samba Festival, na cidade Coburg, Alemanha. Depois segue para a Áustria, onde se apresenta no Ost Club de Viena (sábado e domingo). A turnê passa por Portugal, com show na Casa Santiago Alquimista, em Lisboa (dia 18); e Holanda, no Viva Brasil Festival Amsterdã (dia 19). De lá, volta a Portugal para mais duas datas: em Lisboa, na Festa da Copa (dia 23), e no Porto, no Tribeca Club (dia 25).

O cantor está acostumado a agendas apertadas. Com seu nome associado ao desfile do Galo da Madrugada e ao Carnaval de Pernambuco, André Rio chega a fazer 30 shows por todo o Estado no período. E no São João o corre-corre continua.

A primeira vez que ele fez turnê pela Europa foi em 1998. “Fui a convite de um produtor cultural português que me assistiu no Carnaval do Recife. Foi uma turnê muito significativa, pois foi o marco zero do nosso trabalho na Europa. De certa forma, acabei abrindo espaço para outros parceiros pernambucanos. Levei o Maestro Spok, Luciano Magno, Tostão Queiroga, entre outros artistas”, recorda. “A recepção sempre foi maravilhosa. Nos abraçaram naquela época e sinto que por definitivo”, comenta André Rio, que se tornou um embaixador informal da música pernambucana. “O público estrangeiro se encanta com os ritmos pernambucanos. Ao final dos shows, vem falar conosco querendo saber mais sobre a nossa arte.”

Em seus shows pela Europa e Estados Unidos, André Rio mescla músicas de autores que admira e composições próprias. “Não pode faltar Gilberto Gil, Caetano, Jorge Ben Jor, Moraes Moreira, Caymmi e Ary Barroso. Dos compositores da nossa terra levo as canções de J. Michiles, Getúlio Cavalcanti, Antônio Maria, meu pai (o compositor Alírio Moraes), Capiba e meus parceiros Carlos Fernando, Nena Queiroga, Xico Bizerra e Luciano Magno. Nunca pode faltar Dominguinhos e Gonzagão, aos quais fiz uma homenagem e registrei no CD gravado ao vivo na Europa, em 2012. É um show com toda a diversidade de ritmos da nossa cultura”.

Nesta turnê, André não leva bailarinos, como ocorreu no Brazilian Day de Nova Iorque, em 2013. Vai com uma banda enxuta, formada pelos músicos Luciano Magno, na guitarra; Pita Cavalcanti, na percussão; Thiago Piu-Piu, na bateria; Mongol Vieira, no baixo; e Thiago Albuquerque, teclados. 

Na plateia, ele espera encontrar um público diversificado. “Temos sempre o público local misturado a brasileiros. Mas já cantei para plateias que formadas somente por locais”, afirma André Rio. Uma coisa que ele não admite é fazer concessões. “A MPB é riquíssima e esse é o grande trunfo do Brasil. Não faço estilização da nossa música. Levo para o mundo o que há de melhor em nossa cultura e da maneira que foi composta. Lógico que os arranjos tem o meu perfil e minha inspiração. O resultado disso sempre é surpreendente”, diz.

Nessas turnês, André aproveita para fazer intercâmbio com outros artistas. “Sempre tive encontros maravilhosos. Entre eles posso citar a fadista portuguesa Mariza. Também tenho encontros com artistas brasileiros como o Olodum, com quem cantei na Itália. Já dividi o palco com Jorge Benjor, Djavan, Gal Costa, Elba, Naná Vasconcellos, Alceu Valença, entre outros. Dessa vez, vou entregar o palco para Daniela Mercury no Viva Brasil Festival Amsterdã. Ela foi minha convidada no Carnaval de 1995, no Recife. Penso que será um belo reencontro”.

E a cada volta para casa, ele traz suas recordações das turnês. “O maior de todos os momentos foi tocar na Sala Stravinski, principal palco do Festival de Montreux, onde tocou todos os grandes nomes do jazz e da música brasileira. Mostrar nossos ritmos com uma orquestra completa, no maior palco do maior festival de musica do mundo foi um dos grandes momentos da minha carreira musical”, relembra o cantor. 

Foi também numa turnê que viveu um dos momentos mais duros da sua carreira. “O mais difícil foi cumprir a agenda de shows quando da morte da meu pai. Foi difícil, muito difícil. Fiz os shows em sua homenagem. Cantando suas músicas. Mas o show sempre tem que continuar”, diz André Rio.

Mamãe eu quero, a música mais tocada no Carnaval 2014

Jararaca, um dos autores de Mamãe eu quero
Jararaca, um dos autores de Mamãe eu queroSexta-feira, o Ecad anunciou a soma distribuída entre os autores das músicas que tocaram no Carnaval 2014, um valor de R$ 14,2 milhões,  22% a mais do que no ano passado. 16.127 titulares participaram do bolo. A pesquisa foi feita em  clubes, casas de diversão, coretos, bailes carnavalescos e eventos de rua.

A música que ficou no topo das mais executadas no Carnaval de 2014 foi Mamãe eu quero (Jararaca/Vicente de Paiva), lançada em 1937, por Jararaca (José Luiz Rodrigues Calazans) e Almirante. Em segundo lugar ficou Me dá um dinheiro ai (Ivan Ferreira / Homero Ferreira / Glauco Ferreira), que Moacyr Franco gravou em 1959, para o Carnaval de 1960.
De música nova, na lista das dez mais executadas fornecida pelo Ecad apenas Lepo lepo, do Psirico. A mais antiga é  Pra você gostar de mim (taí), de Joubert de Carvalho, primeiro sucesso de Carmem Miranda, em 1930. Na citada litsta não consta nenhum frevo. De pernambucanos, apenas os Irmãos, João e Raul Valença na polêmica parceria com Lamartine Babo, na marchinha Teu cabelo não nega.

A marcha nº 1 do Vassourinhas (Mathias da Rocha e Joana Baptista Ramos), frevo onipresente no Carnaval de Pernambuco (e do Nordeste), gravada pela primeira vez, em 1949, por Severino Araújo (da Orquestra Tabajara), entrou na lista das 20 mais, na 17ª posição.

A relação das dez músicas mais tocadas no Carnaval brasileiro este ano, segundo o Ecad:

1 Mamãe Eu quero

2 Me dá um dinheiro aí

3 – Cabeleira do Zezé

4 Lepo lepo

5 Marcha do remador

6 A jardineira”

7 O Tteu cabelo não nega

8  Pra você gostar de mim (Ta-hi)

9 Cidade maravilhosa

10 Maria Sapatão

“José Roberto Kelly, autor de marchinhas como “Cabeleira do Zezé” e “Mulata Yê Yê Yê”, foi o titular com maior rendimento nesse segmento. Na sequência, aparecem Braguinha, Lamartine Babo, Haroldo Lobo e Joubert de Carvalho.

Já em shows de Carnaval, a situação muda bastante. Aqui, os hits atuais foram os grandes arrecadadores. Carlinhos Brown, Durval Lelys, Filipe Escandurras, Magno Santanna, Bell Marques e Alexandre Peixe, Manno Góes, Beto Garrido e Alaim Tavares foram os titulares com maior rendimento.

Confira a lista das obras mais executadas em shows de Carnaval:

1 – Mamãe eu quero  - Jararaca/Vicente Paiva

2 – Me dá um dinheiro aí – Homero Ferreira/Glauco Ferreira/Ivan Ferreira

3 – Cabeleira do Zezé – João Roberto Kelly/Roberto Faissal

4 – Lepo lepo – Magno Santanna/Filipe Escandurras

5 – Marcha do remador – Castelo/Antônio Almeida

6 – A jardineira – Humberto Carlos Porto/Benedito Lacerda

7 – O teu cabelo não nega – João Valença/Lamartine Babo/Raul do Rêgo Valença

8 – Ta-hi – Joubert de Carvalho

9 – Cidade maravilhosa – André Filho

10 – Maria Sapatão – Carlos/João Roberto Kelly/Chacrinha/Leleco

Por: José Teles (Jornalista do Jornal do Commercio)